É fascinante o estudo da psicologia quando ela tangencia ou aborda assuntos que dizem respeito à espiritualidade. Carl Gustav Jung, Viktor Frankl e David Boadella sempre me atraíram pela capacidade de abranger questões do espírito em suas abordagens psicológicas, considerando quão importantes elas são ao bem-estar emocional.
De fato, participar de uma comunidade que compartilha os mesmos valores, procurar o sentido da vida e a própria visão de homem e de mundo, é nutrir nossa existência de significado.
Algumas angústias que aparecem nas clínicas psicológicas são existenciais ou as tem como pano de fundo. Mesmo porque, é próprio do ser humano o questionamento da sua existência e a busca por algo que a transcende. Não cabe ao psicoterapeuta responder essas questões para os pacientes, mas sim acolher e integrar ao processo terapêutico o que eles trazem em si como valores e respostas a essas questões.
As abordagens psicológicas nos ajudam nessa tarefa. Jung, fundador da Psicologia Analítica, era um homem de vasto conhecimento cultural e estudioso de assuntos espirituais, como alquimia e os símbolos contidos no tarot e no I Ching. Em sua teoria, ele trouxe ao conceito de Self a ideia de totalidade, o que muitos chamam de “arquétipo de Deus”. É através do contato com ele que conseguimos transcender nossas questões humanas, renunciando aos nossos apegos e abrindo-nos ao domínio ilimitado do sagrado.
Viktor Frankl, psicólogo que viveu em campos de concentração e fundou a Logoterapia, trouxe ao conceito de recursos noéticos o campo das potencialidades do ser humano, onde temos a capacidade de tomar distância de nossos processos emocionais e cognitivos a fim de compreender a nós mesmos e transcendê-los. Algo, aliás, que muito me lembra das técnicas meditativas, de distanciamento e autorregulação para aumentar a consciência de si e provocar as mudanças psicológicas desejadas.
David Boadella, fundador da Biossíntese, que traz o conceito de Bioespiritualidade, relacionado à manifestação das qualidades latentes da nossa essência no dia a dia. A respiração é usada como meio para integrar mente-corpo-espírito, e permite que estejamos conectados com o que estamos fazendo e com o todo, despertando para as qualidades da nossa essência sutil.
Todas essas abordagens nos dão o panorama de que o campo sutil, que acompanha o paciente em seus valores e nos sentidos que ele constrói a partir destes, está presente no processo psicoterapêutico. Quero dizer, há um lugar especial e fundamental para a transcendência das questões psicológicas nos encontros terapêuticos.
A espiritualidade do paciente é sempre única e bem-vinda, e integra as sessões de psicoterapia, pois aponta para as respostas e para as mudanças que ele busca. Ela é aliada do psicoterapeuta e um guia potente para o paciente no tratamento de suas angústias existenciais e na busca de uma vida mais harmônica.
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