O termo popular “idade da loba” faz referência à mulher madura, que chegou aos 40 anos, fase em que ela é mais dona de si. Ele ganhou força a partir da publicação da jornalista Regina Lemos, em 1994, de depoimentos de mulheres de meia-idade sobre suas experiências com a mudança de seus corpos, com o amor e a sexualidade.
A psicologia de Jung, que não faz referência à expressão, mas que explica o fenômeno da metanoia, dá todo o embasamento psicológico que faz da fase da meia-idade um momento de maior autenticidade e de potência de renovação da vida, a partir das coisas e pessoas que realmente importam.
De fato, a mulher na maturidade tem maior potencial psíquico de se libertar das amarras emocionais e sociais que a incomodavam tanto no seu período de juventude, a despeito das mudanças que ocorrem em seu corpo, tão evitadas a partir das imposições midiáticas e sociais.
O etarismo, que procura reprimir a liberdade da mulher em seu corpo e sexualidade, e a indústria da beleza, que a cada momento usa de estratégias emocionais para vender seus produtos e serviços que prometem milagres contra os efeitos do tempo, vão na contramão de uma maturidade emocional saudável.
Apesar disso, há todas as mudanças psicológicas na mulher que contribuem para que ela possa viver bem com sua idade e seu processo de envelhecimento, exatamente por conta da inversão da libido em direção ao Self, que venho discutindo nos textos anteriores. Na meia-idade, ela se conhece melhor e se permite entrar mais em contato com seus instintos e desejos, oque tende a reorientar sua vida na direção da sua alma.
Venho trabalhando com os contos do famoso livro "Mulheres que Correm com os Lobos", da psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés, que escreveu sobre o arquétipo da mulher selvagem, o também se refere ao conceito de "mulher loba". Ela conta histórias profundas sobre o contato do feminino com o seu lado mais instintivo e reprimido socialmente pela ideia de que a mulher deve ser uma menina boa e comportada.
A mulher loba faz parte da psicologia feminina e abre os canais intuitivos e criativos da mulher, que cura suas partes feridas, ganha mais força vital e passa a ocupar seu corpo com mais segurança e orgulho. Por isso, ela torna-se mais dona de si, respeitando seus ciclos naturais e sua própria idade, não se importando com as manipulações sociais e opiniões alheias.
O caminho para não ficar subordinada às imposições do meio é o contato com as próprias questões emocionais profundas, que se manifestam nos eventos exteriores, no corpo e nas relações com o outro e consigo mesma. A psicoterapia que trabalha o corpo e a mente, a partir do próprio Self, oferece um ambiente de respeito e cuidado para o enfrentamento das condições necessárias à saúde emocional feminina. Busque a sua!
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